segunda-feira, 25 de novembro de 2013

UM PRÍNCIPE COMENDO COM OS PORCOS – PARTE 3

Atingido pela Paralisia Infantil – Poliomielite

Ainda residindo em Patu os meus pais foram provados, mais uma vez, acerca de minha saúde e bem-estar.
Ocorreu um surto de Poliomielite (Paralisia Infantil) nos anos 60 no Brasil e em outros países. O vírus da poliomielite é transmitido de pessoa para pessoa, penetra no corpo por vias oral e fica alojada na garganta e no intestino da pessoa infectada. Em alguns casos o vírus se dissemina para o cérebro e coluna vertebral, causando a paralisia.
O tal vírus me pegou.
Meus pais, diante de toda aquela situação, não mediram esforços em busca da minha cura. Passaram a fazer incursões, quase semanais, a cidade de Catolé do Rocha-PB , onde um médico se destacava no tratamento da enfermidade.
Numa dessas viagens, feitas em um Jeep, eles pararam a beira de uma pequena lagoa, para um pequeno descanso. Enquanto se alimentavam me viram levantar e sair caminhando. Alegres e sem compreender aquele fato, rumaram para catolé e lá chegando, relataram para o médico o milagre que havia ocorrido. Puseram-me de pé e quando me soltaram a perna paralítica não reagiu e cai. Estupefatos e frustrados fizeram a consulta costumeira e voltaram para Patu.
As economias provenientes da Igreja eram ínfimas. Eu era o caçula de uma prole de sete (07) filhos.
Um dia, quase hora do almoço, mamãe ainda não havia preparado nada para alimentar a família, justamente por não haver mantimentos.
Papai, num misto de frustração e ressentimento, foi no armário da casa, pegou toda a medicação que o médico receitara para mim, comprimidos e soluções orais, fez um pacote só, e jogou no lixo da calçada da casa pastoral de Patu. Quem o conheceu de perto sabe que ele falava que estes momentos eram momentos de loucura. Entrou para o interior da residência e fez uma oração desaforada:
- Deus a partir de hoje eu não compro um só remédio para este menino. Não vou matar seis (06) crianças de fome, gastando o pouco que me chega as mãos com medicação. Não compro mais e nunca mais prego que tu cura. Não posso pregar algo que não vejo acontecer em minha própria família.
Bendita loucura!
A medicação me fez engordar. Fiquei muito pesado e isto era mais um complicador para o tratamento e era uma dificuldade para me carregarem de um lado pra outro. Na verdade o meu esteio era papai e mamãe que me pegava, um pelo braço e outro por outro, e me lavavam para a igreja.
A Avenida Lauro Maia, onde se localizava a Igreja e a casa Pastoral em Patu era de terra batida. Todas as vezes que me levavam a minha perna ressecada/paralisada riscava o chão da rua. Era um espetáculo deprimente.
Um dia, em uma oração matinal, simples, consagração que se realizava todos os dias na Igrejinha de Patu, eles me levaram. Cabisbaixos, frustrados. Aquela marca no chão de barro da rua foi riscada pela última vez.
Na oração as irmãs, simples, porém fervorosas, iniciaram um clamor. Fizeram um círculo e me puseram no meio. Enquanto oravam o poder de Deus encheu aquele lugar e todos foram cheios do espírito Santo. O momento foi tão intenso de graça e glória dos céus que ninguém se deu conta de que eu comecei a andar, curado radicalmente.
Isto mexeu com aquela cidade. Até hoje, quando chego a Patu, o povo quer rever o menino paralítico que Jesus curou.

Eu só posso dizer Glorias a Deus!

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